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domingo, 22 de abril de 2012


COLEGAS,

Estamos em greve contra a apatia, o conformismo, o desrespeito, a descrença e o pessimismo. Sabemos que o processo de greve é difícil e ficamos angustiados com a pressão do governo, de seus agentes e de parte da sociedade, com as ameaças de corte de salários e com o peso da reposição. 

É comum ouvirmos o discurso de que a greve é um instrumento de luta historicamente superado e sem valor no mundo atual, em que a educação não é tratada como pilar de sustentação social. No entanto, é preciso reavaliarmos o papel da greve e o comportamento daqueles que a fazem. 

O ato de parar significa muito, num mundo em que o “tempo” é mensurável e tem valor excessivo, pois permite a geração de capital (dinheiro). Parar subverte a ordem, contraria a lógica do capital, prejudica a engrenagem do sistema. 

Nós, professores, como Chaplim no filme Tempos Modernos, marchamos diariamente para as nossas unidades escolares, e lá seguimos o ritmo dos sinais, das sirenes. Entramos em salas de aula e saímos de forma cronometrada, damos aulas em excesso e, nessa engrenagem, em que o que importa são os números e não a qualidade nos desumanizamos e passamos a nos comportar como “máquinas de dar aulas”. Máquinas que não podem quebrar, falhar, parar.

Diante dessa realidade, fazer greve é uma ousadia, pois esse ato rompe, mesmo que temporariamente, o ritmo do sistema, chama a atenção para nós e nos faz lembrar que: “não somos máquinas, homens e mulheres é o que somos”.

É claro que, hoje, dispomos de outros instrumentos de denúncia e de pressão a exemplo das mídias sociais, mas é importante valorizar o papel da greve como forma de protesto, porque escancara o inconformismo da categoria, expõe as falhas do sistema educacional e enfatiza a coragem do professor de quebrar o ritmo, mostrando a necessidade de reinterpretar a marcha do tempo, de seguir outros marcos reguladores, outros hábitos de ordem e organização, de olhar para nós mesmos e perceber nossas angústias, insatisfações e a força que temos quando nos unimos.

Portanto, professor, PARABÉNS pela coragem, inconformismo, esperança, engajamento no movimento, por sua contribuição (seja ela de que forma for), pela esperança. Essa é a melhor aula que ministramos, é a melhor lição que deixamos para os alunos, o melhor exemplo de cidadania. 


Vitória da Conquista, 23 de abril de 2012.


Coordenação LUTE-Sindicato

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