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sexta-feira, 4 de maio de 2012


CARO COLEGA PROFESSOR,

Para Freire, “A luta dos professores em defesa de seus direitos e de sua dignidade deve ser entendida como um movimento importante de sua prática docente, enquanto prática ética.” Essa reflexão nos faz pensar no momento em que vivemos, de tentativa de mobilização da categoria em torno de princípios, reivindicações, direitos...



  Após vários dias de greve, e diante de tanta pressão, tentativas de intimidação, propagandas ameaçadoras na televisão, descaso de segmentos importantes da sociedade, corte de salário, discursos e práticas contraditórias de muitos que deveriam se posicionar eticamente do nosso lado, é preciso destacar a importância de atitudes éticas.

É preciso exigir isso dos políticos, daqueles que ocupam cargos hierarquicamente superiores, mas também é preciso lembrar a necessidade da ética na sala de aula, com nossos colegas e na nossa prática política - no sentido mais amplo do termo – tanto em sala de aula, como na nossa vivência social.

Nesse sentido, cabem alguns questionamentos: é ético decidir sozinho, diante das tentativas de construir um fórum coletivo de debate e de deliberações (Assembleias)? É ético encarar a greve como um momento de folga, enquanto, um pequeno grupo tenta, por meio de atitudes “quixotescas”, manter viva a chama do movimento? É ético defender, na sala de aula, a importância da participação política, do engajamento nos movimentos que visam transformações sociais, e na prática defender apenas bandeiras individuais e não contribuir com o movimento?

Freire, ainda, nos lembra que “é como profissionais idôneos - na competência que se organiza politicamente que está talvez a maior força dos educadores – que professores e professoras devem ver-se a si mesmos e a si mesmas”.

Esse momento, apesar de todas as dificuldades, avanços e retrocessos, equívocos e acertos, constitui o momento ideal de mostrar para a sociedade e para nós mesmos nosso valor, nossa firmeza de princípios, nossa capacidade de organização, nossa competência e comprometimento político. Não podemos mais nos ver como criaturas abatidas, cansadas e vítimas de uma sociedade que vê a educação como algo supérfluo e irrelevante.

A luta em prol de uma educação de qualidade e pela valorização do professor só será “abraçada” pela sociedade, segundo Freire, quando primeiramente nós, educadores, acreditarmos que “a luta em favor do respeito aos educadores e à educação inclui que a briga por salários menos imorais é um dever irrecusável”.

Defender melhorias salariais não é vergonha, constitui o ponto de partida para discussões mais amplas que extrapolam a questão financeira. Somente a partir daí, é que poderemos acreditar em políticas públicas sérias para a educação. 

Vitória da Conquista, 03 de maio de 2012.

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